"Ele tá mentindo?"

Uma vez me perguntei se um certo homem, com quem eu saía, e por quem havia me apaixonado, mentia para mim. Estava no inicio das leituras profissionais de tarô. Para a resposta me saíra a carta do Mago, no Deck de Aleister Crowley, que hoje é um dos que eu mais uso. Mas o livro que eu tinha à mão, naquele momento, ali pelo quarto mesmo, sem ter que ir até a estante da sala procurar, era o manual do Tarot Mitológico. Há muito eu não usava, nem o livro, nem as cartas mitológicas, muito embora tenha sido o meu tarô companheiro de leituras por praticamente 20 anos.

The Magician, on The Rich Black Tarot Deck
Do livro como também oráculo. 

Tenho uma amiga escritora, que tem o hábito de transformar qualquer livro em oráculo. Ela abre em uma página qualquer e lê um trecho, de modo que aquele trecho vá deslindar um mistério, ou lhe dar um aconselhamento, ou responder qualquer coisa. Eu sempre acreditei piamente, apesar de não fazer, não deliberadamente procurando por respostas, mas em processos criativos. Sei que sempre funciona. 
Nossa mente é como uma escrivaninha desarrumada, totalmente cheia de coisas e bem bagunçada, vamos pegando “intuitivamente” - na verdade em recantos da nossa totalidade mental, esquecida ou não - os bilhetes, fotos, trechos de texto, cartões postais, encartes de disco, ou seja lá o que for que seja, no fluxo, a “coisa certa”, que nos ajude a entender, escrever, atuar, criar.

O livro certo na hora certa.

Pois bem que não era à toa pegar o livro da Liz Greene para responder à minha pergunta. No Tarô Mitológico a autora escolhe o Deus Hermes como mago, um Deus que se vira lá como pode para conseguir o que quer. Um malandro, em resumo, cheio de ginga pelas encruzilhadas da vida. Na mitologia Hermes teria roubado o rebanho de ovelhas  de Apolo, e negociado a Lira - inventada pelo próprio Apolo - em troca do rebanho sequestrado. Essa foi uma das suas artimanhas. O texto do livro seguia, com mais algumas outras. Em suma: o dono do jogo (de cartas e outros). 

O Mago fala de trabalho, de usar todas as armas para caminhar, prosseguir e obter o que se deseja. Mas, com relação à pergunta lá do começo, nenhuma outra interpretação desta carta, que não a de Liz Greene, me daria na cara com tanta certeza a resposta que eu procurava. Meu corpo, como se diz na Bahia, “chega tremeu”.

The Magician - Robin Wood Tarot  Deck





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