Vamos tirar o amor do centro da história?
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The Dark Fairytale Tarot Lo Scarabeo |
Se você é uma dessas pessoas que tem pesquisado relacionamentos abusivos, ou já passou por um, já deve saber que é típico do agressor que ele seja um exemplo de comportamento social, uma pessoa gentil com a família extensa e os amigos do casal, enfim, um cidadão acima da suspeita de abuso.
Existem crenças machistas, alicerçadas inclusive nos profissionais que trabalham prestando auxílio às mulheres, que reforçam e disfarçam a ambiguidade da situação, já que por trás de uma passionalidade encontramos um grande egoísmo e autocentramento, por trás “daquilo que reluz” encontra-se o aprisionamento, o apego e a dor.
A ambiguidade, a dualidade, a descrença do grupo social sobre o que está acontecendo, produzem na mulher abusada uma sensação de insanidade extremamente angustiante. Um profundo inferno pessoal. Ela se pergunta se aquilo é real, se não é criado pela sua mente, por ser "exigente" demais, "carente" demais, "desconfiada" e por aí vai. E é convencida disso, não apenas pelo parceiro, mas pelas pessoas com quem ela venha, porventura, a se abrir.
Nessas conversas se constróem mitos em torno do comportamento do abusador, que justificam suas atitudes, e que reforçam e disfarçam essa dualidade. Acho interessante que pensemos sobre eles, e em quantos momentos os utilizamos para lidar com esse tipo de comportamento:
“Ele foi uma criança abusada.”
“Sua parceira anterior o feriu.”
“Ele abusa aqueles a quem mais ama.”
“Ele segura muito seus sentimentos.”
“Ele tem uma personalidade agressiva.”
“Ele perde o controle.”
“Ele é muito bravo.”
“Ele tem problemas mentais.”
“Ele odeia mulheres.”
“Ele tem medo de intimidade e abandono.”
“Ele tem baixa auto-estima.”
“O seu chefe o trata mal.”
“Ele tem baixas habilidades em comunicação e resolução de conflitos.”
“Tem tantas mulheres abusivas quanto homens abusivos.”
“O seu abuso é tão ruim para ele quanto para a sua parceira.”
“Ele é uma vítima do racismo.”
Todas as justificativas ou desculpas, se baseiam em fatores emocionais - ou de falsa equivalência do comportamento feminino. O comportamento dos homens abusadores, como em geral os comportamentos masculinos destrutivos, são sempre justificados por respostas psicologizadas ou, mais do que isso, vistas pelo prisma do “amor”, dos “sentimentos”.
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